Artigo de Opinião por Laureano Junior
Paciência, raciocínio e “lágrimas”. Brothers in Arms – Road to Hill 30 utiliza de muita estratégia e o lado emocional do jogador para ser o jogo extremamente divertido que é. Leia este artigo de opinião que faz um apanhado das características mais marcantes do primeiro BiA, que modificou a forma de se jogar um FPS.
Em seu primeiríssimo jogo, a série Brothers in Arms trás uma forma bastante diversa de se jogar um FPS. Confesso que eu já estava cansado de simplesmente mirar e atirar num jogo do estilo, mas assim como na guerra, mirar e atirar não é o bastante, pois, obviamente, numa guerra você não luta só. A sacada do primeiro BiA é utilizar do apoio de pequenos esquadrões que você controla, para avançar no território inimigo. Utilizando de técnicas bélicas reais, antes de simplesmente sair distribuindo munição por aí, você tem que suprimir o inimigo - atirar dando em sua direção que o faça tomar uma postura mais defensiva, atirando menos e se escondendo mais - e depois flanqueá-lo - encontrando uma posição favorável, você avança e pega o inimigo de uma forma tão vulnerável que ele não pode se abrigar e é facilmente executado. Pra facilitar isso, o jogo dispõe da “Visão de Reconhecimento”, uma ferramenta que lhe dá a possibilidade de ver o território de forma mais dinâmica e preparar os flancos. Mas por outro lado, a fraqueza da inteligencia artificial do jogo faz com que o ato de comandar seus homens seja um desafio maior e sua articulação pelo campo de batalha seja mais necessária.
Cada esquadrão tem suas caracteristicas e configuração de armas, alguns são mais defensivos, melhores para suprimir, e outros são de assalto, perfeitos para flanquear e finalizar o inimigo. Cabe a você escolher a posição e mandar seus companheiros avançar e atacar no momento certo, para que não haja baixas em seu pessoal, que no jogo, tem um impacto grandiosamente negativo para o jogador.
Tirando o lado estratégico e tático do jogo, ele dispõe de uma bela narrativa emocional do Sgt. Matthew Baker, veterano dos Airborne – divisão de paraquedistas do exército americano muito importante na 2ª Guerra Mundial – mas que nunca teve de liderar ninguém. O jogo começa com esse seu conflito de ter de comandar homens que são de ‘sua família’, que como ele mesmo diz, “Um soldado tem uma família em casa e outra na guerra”. A conexão emocional que o jogador tem com cada soldado do esquadrão de Baker é muito forte, principalmente por causa investimento que os produtores tiveram para retratar o companheirismo e o sentimento fraterno entre os soldados. A gritaria dos outros quando você mesmo leva um tiro é sensacional “BAKER, GET DOOOOWWWN!!” e você realmente não se sente só jogando, inda que seja Single Player. Como o jogo é de 2005, os gráficos são ótimos, pr’aquela época. Ainda assim não se deixa a desejar nem um pouco. Ainda que limitado graficamente, a reprodução dos produtores do jogo pelos campos de batalha da França, onde o jogo se passa, são altamente fiéis, o que se pode ser comprovado com fotos originais da 2ª WW que você pode destravar nos extras. Ah, e taí um belo atrativo para os apaixonados pela história da Segunda Guerra Mundial: o jogo dispõe de uma enorme gama de documentos, fotografias, fotocópias de documentos e depoimentos de soldados que realmente estiveram na guerra. Fora o registro de pesquisa da equipe de produção do jogo, que visitou várias locações da guerra e museus para tornar o jogo mais realista possível. Tudo isso e outras coisas interessantes (como deixar o jogo com aspecto sépia, como se fosse um filme da época) são destravadas com o seu progresso do jogo, dependendo do nível de dificuldade que você joga.
Pra quem gosta de jogos que se usa mais o cérebro do que os dedos, e quem gosta de consumir uma obra de arte e um artigo histórico da guerra mais importante da história da humanidade, BiA - Road to Hill 30 é o início de uma experiência ímpar que a Ubisoft e a Gearbox prepararam aos players que curtem jogos com conteúdo.
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